sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Separações e divórcios têm recorde em 2007.

Estatística mostra que a cada 3,5 casamentos no Brasil, há uma dissolução formal.

Fonte - Pernambuco.com

Embora as igrejas continuem lotadas, o juramento "até que a morte nos separe" está cada vez mais distante da realidade. A cada 3,5 casamentos no Brasil, há um divórcio ou separação judicial. Um recorde de uniões desfeitas marcou 2007: 249.463. Estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado ontem, intitulado Estatísticas do Registro Civil 2007, mostra que de 1984 para cá a taxa de divórcios no país cresceu 200% - passou de 0,42 para 1,49 a cada mil habitantes. Apesar dessa escalada, os matrimônios continuam, paradoxalmente, a todo vapor.

De 2003 para cá, a taxa de casamentos por mil habitantes também não parou de subir, passando de 5,8 para 6,7. A administradora Danielle Feitoza, 33 anos, não só aposta na idéia como também investiu pelo menos R$ 25 mil, entre cerimônia, festa, convites e produção fotográfica. Ela se casou ontem com Deveth Ferreira, 29 anos, e foi conduzida até o altar da Igreja de Cristo, na Asa Sul, pelo filho, de 15 anos. "O mundo só está assim porque perdeu os valores", afirmou.

Índice de divórcios consensuais no ano passado foi 75,9%

Na avaliação da antropóloga da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis) Débora Diniz, os números relativos aos divórcios não significam que os casamentos têm sido infelizes. "Essa grande transformação das práticas sociais brasileiras é o reflexo de uma mudança de comportamento, mas também de um amparo legal que o Estado passou a dar a essas pessoas", afirma a antropóloga, referindo-se à Lei do Divórcio, que completou 30 anos em 2007.

A maior parte dos divórcios no ano passado - 75,9% - foi consensual. Quase 30% dos casais não tinham filhos. Na opinião do terapeuta familiar Enrique Maia, do Instituto de Psicologia Aplicada, o aumento de uniões dissolvidas tem a ver com uma nova visão de felicidade. "Nunca se vendeu tanto livro de auto-ajuda. Verificamos, mais do que nunca, uma busca por realização pessoal. E o casamento, no contexto atual, aparece como um dos caminhos, e não o único, para atingir tal objetivo."

Uma redução dos prazos mínimos exigidos para iniciar os processos de separação e divórcio, modificação legal feita em 1988, deu um empurrão aos casais descontentes. Para o advogado Eduardo Coelho, especialista na área de família, o alto índice se explica pelo fato de as pessoas estarem regularizando uma relação pós-separação. "Quando uma das partes pede a dissolução absoluta do vínculo conjugal é porque está com um pé em outro barco".